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“Faz a pose, olha o flash”: Derek Luccas fala sobre rap e estilo

Não basta só cantar, tem que vestir a camisa! O rap, hip hop e trap levam essa frase no sentido literal do seu estilo

Muitas marcas abraçam certos estilos de artistas de diferentes gêneros musicais, lançando linhas de roupas, calçados e acessórios que remetem a tudo o que é dito em canções, também estampando muito mais do que um nome que carrega o peso de uma marca, mas também a cultura do estilo tradicional e cheio de histórias passadas.

Nas últimas décadas, nos acostumamos em ver artistas lançando as suas coleções de roupas ou tênis, também notamos as junções entre atletas e linhas esportivas de acessórios que são extremamente lucrativas para o mundo da moda.

NO TOM DO RAP E NA MODA

Quem já não quis uma calça da Puma após ver a Rihanna usando? Ou um Adidas do jogador Marcelo Vieira? Alguma peça da coleção da Adidas em parceria com a Beyoncé

Vale lembrar que todos esses nomes citados, hoje, já possuem as suas próprias marcas no mercado, ou seja, o que a música produz não está mais só nas nossas playlists ou tocando nas rádios, está nas passarelas, nos corredores de shoppings e, principalmente, na lista de desejos na maioria dos jovens que consomem esse estilo musical.

Derek Luccas, cantor e compositor, um dos membros do grupo Recayd Mob, é um dos exemplos de artistas que estão ligados ao mundo da moda e que faz desse gênero musical um movimento que cria raízes em outras vertentes, não passando só pelos nossos ouvidos, dessa forma, Derek, além de deixar o seu estilo na forma sonora, também o expressa visualmente.

O ESTILO DO RAP

O cantor já participou de desfiles e sempre cita marcas de roupas em suas músicas, seu conceito visual também é levado nas cores, filmagens e edições de clipes. Até seu Instagram não escapa do seu olhar mais estético, todas as plataformas conseguem se adequar ao que o artista deseja passar.

“Sempre me interessei por moda, desde quando eu estava na escola. Sempre gostei de me vestir bem, independente do estilo que eu estava querendo usar. Já passei por várias fases de estilo, como funk, pagode, mas sempre gostei de me vestir bem. Quando comecei a fazer rap/trap, isso foi crescendo bem mais porque eu tive mais oportunidade de saber, pesquisar e comprar mais roupas.”, diz o cantor.

Muitos dos artistas que ganham notoriedade nos gêneros musicais (rap, hip hop, funk, trap) e que são de origens periféricas, também abrem margem para discussões sobre idealizações de consumos, logo que, meninos ou meninas com poderes aquisitivos mais baixos sonham em ter uma situação financeira em que possam adquirir as roupas e calçados que veem seus artistas favoritos usando.

Também não podemos deixar de notar que a cultura negra está em grande evidência, pois a maioria das personalidades artísticas mais celebradas da nossa geração, olhando para esse nicho musical ou esportivo, são negros.

Jogadores de futebol, de basquete, rappers, atores estrelando os últimos filmes mais consagrados, os assuntos dos últimos filmes mais premiados, tudo isso somado dá o resultado de grande ascensão na venda nesse estilo.

REFERÊNCIAS DE DIVERSAS ARTES

Acompanhe a entrevista com Derek Luccas:

A estética do hip hop/rap/funk norte americano entre outras, são originadas em culturas periféricas, assim como esses gêneros musicais, existem referências desses mundos das quais você se inspira?

D: Me inspiro bastante não só em artistas musicais, mas também com fotógrafos, alguns filmes do Spike Lee, que foi um dos primeiros que comecei a assistir e sou ligado à cultura negra.

Um dos seriados de TV que veste esse estilo hip hop/rap é o “The Fresh Prince of Bel-Air” – “Um Maluco no Pedaço”. Seriado super importante para a representatividade negra, onde colocam uma família negra no poder vivendo conflitos, geralmente, apenas expostos na mídia por pessoas brancas. Você curte esse tipo de seriado? Acredita que a moda, estilo e roupas usadas também são uma forma de expressão para além das letras das suas músicas?

D: Eu curto muito esses seriados, eles foram um dos maiores responsáveis de incluir a representatividade negra desde o início e incluir a parada do street wear. Porque nisso, já via o Will Smith usando Jordan e vários retrôs que ainda estão sendo lançados hoje em dia, já eram usados naquela época. Eu acredito muito que a forma que você se veste e seu estilo serve como forma de expressão, muito além das músicas e das letras.

Muitas peças de roupas do estilo hip hop/trap, marcas como Adidas, Nike, Supreme, Of White, usam de algumas estampas que fazem alusão há uma certa “vangloriação” do mundo criminal. Camisetas estampadas com dizeres “Wanted” – “Procurado”, são vistas em diversas marcas. Acredita que certas marcas podem estar “surfando” em uma onda de se apropriar de certas narrativas periféricas, agora que jovens negros estão alcançando maiores poderes aquisitivos?

D: Acredito que sim e, ao mesmo tempo, que não. Acho que elas estão colocando de uma maneira não de surfar/lucrar com uma parada que é nossa. É porque eles também estão colocando para as pessoas de identificarem e usarem. Tem várias estampas da Supreme vindo agora que tem uma parada mais representativa para nós. Então acho que é pra gente também se sentir representado pela marca, não acredito que eles possam estar usando isso só para lucrar em cima da gente não. 

“É PRA GENTE TAMBÉM SE SENTIR REPRESENTADO PELA MARCA”

Qual a sua marca favorita? Quando criança, existia algum produto em que sonhava consumir?

D: Minha marca favorita é Nike. Quando eu era criança, sempre quis ter vários tênis da Nike e por isso gosto muito. É uma parada que eu sempre almejei muito e hoje tenho vários.

As marcas encontradas em letras musicais como forma de ostentação, além de estilo, querem mostrar lugares que podem ser ocupados por rappers/trapers?

D: Com certeza, dificilmente você veria outros artistas sem ser rap/trap e que gostam dessas marcas, usando. Acho que o Trap está conseguindo colocar essas marcas nesse ciclo que a gente vive, e conseguindo implementá-las em nosso meio.

Estilo para você, também está em roupas conceituais de passarela ou prefere criar outfits com peças mais “comuns”?

D: Não gosto muito dessa área muito conceitual. Às vezes eu gosto de usar uns bagulhos mais simples, depende muito da ocasião e do meu humor.

“DEPENDE MUITO DA OCASIÃO E DO MEU HUMOR”

Você já participou de desfiles, também mostra um grande interesse por moda, principalmente, em seu Instagram, onde as fotos são organizadas e pensadas formando um conceito minimalista, também chamativo. Pensa em se profissionalizar futuramente também em alguma vertente da moda? Já que inúmeros rappers já lançaram suas próprias grifes?
D: Eu to pensando em lançar uma marca em breve como o meu conceito, com as coisas que eu acredito.

Hoje em dia marcas patrocinadoras de jogares de futebol, basquete e artistas, aproveitam bastante da imagem que a personalidade do profissional já construiu, também da carga cultural que a sua história traz. Tudo isso gera bastante resultado para as grifes. Existe alguma marca que você usa por gostar de seus representantes? Deixaria de usar alguma marca caso não se sinta representado por quem faz as propagandas do produto?

D: A Nike eu gosto muito também porque gosto de futebol e a maioria dos meus jogadores favoritos usam. Isso era algo que me atraía quando eu era criança e, em grande parte, até hoje é assim. Não sei se deixaria de usar uma marca por não me sentir representado por quem faz a propaganda, acho que isso não interfere muito em mim não. 

O Derek se expressa na mesma medida em como se mostra visualmente para o mundo e quando transporta as suas ideias para os seus sons?
D: Acredito que sim, eu uso a música também muito como humor e consigo formular com a roupa que eu estou usando no dia.

Os seus clipes são pensados para se encaixar em um padrão visual que você curte expressar no dia a dia?

D: Acho que é daora você manter um padrão, é uma parada que eu estou tentando fazer a partir desse ano. São totalmente pensados nos padrões e no estilo que eu quero e uso no meu dia a dia.

Na ultima sexta-feira (13), Derek lançou um novo single – “ISSO É RAP?” – que fala muito de onde veio, o que viu e, muito importante, sobre as mensagens que quer deixar! Se ele esta na moda ou não, isso não conta, as palavras do jovem artista pegam e lançam tendência.

“Se num tem nada, ou vem do nada
e se torna um artista

eu to de Nike sim, porque parça eu consegui
resolvi dar a cara tapa, doeu muito mas eu vi

que não depende de roupa, ou se estar no jornal
eles odeiam minha cor, parça o ódio é igual”

Confira o seu novo som e… se liga no visual:

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Ana Carla Dias

Jornalismo e Direção de Arte

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