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Onã abre novos caminhos com o clipe ‘Oriki’ e o EP ‘AFROMANOTROPICAL’

O artista, que antes se apresentava como ‘Lage’, busca reinvenção na indústria músical

Após desbravar o rap sob o nome ‘Lage’, o rapper Onã – nome que remete a abertura de caminhos –, está se reinventando na indústria musical. A nova revelação do trap nacional vem com dois grandes lançamentos neste mês de novembro. Após o lançamento do single 440Km/h feat Slim Ramografia, na última sexta-feira (12), um dia antes do Dia da Consciência Negra ele põe na pista o single e videoclipe da faixa ‘Oriki’ e apresenta o EP completo de ‘AFROMANOTROPICAL’. A produção musical ficou por conta de Dachvva, e a mixagem com Pasz, do selo A BRABA Records. Composto por seis faixas, o EP foi pensado para marcar uma nova fase e revolucionar a carreira do artista. O primeiro EP do artista conta ainda conta com participações especiais como o próprio Slim, Original Stabile, Marina Afares, Santa Fé e de Viludinho Compositor – que também é seu avô.

Em um novo momento na sua carreira, o artista está adotando elementos do trap, como beats eletrônicos e a variada experimentação sonora, principalmente com os timbres de 808, que levou artistas como Matuê, Teto, FBC, Jovem Dex, MC Poze, Yunk Vino, entre outros artistas, às paradas de sucesso das principais plataformas de streaming. Onã passa então a apostar em um ritmo mais dançante nos seus sons, sem abandonar a sua principal escola dentro do RAP, que é o BOOMBAP.  

Já no videoclipe da faixa destaque ‘Oriki’, Onã expressa sua nova fase em uma atmosfera que exalta sua fé religiosa, assim como a própria faixa remete “Sem dar brecha / Sigo firme / Ponta a ponta / Nas encruzilhadas / Esù toma conta”. Filho do senhor dos caminhos, o multiartista traz no trabalho audiovisual um personagem que representa o orixá que também é tradução de seu novo nome artístico ‘Onã’.

Em primeira mão ao RAP DAB, o artista conta sobre o desenvolvimento do EP, nova fase artística e próximos passos na carreira. 

Confira a Entrevista com Onã:

RAP DAB – Recentemente você mudou o seu nome artístico para Onã, qual a motivação para essa mudança? O que esse nome significa?

Onã – Antigamente eu usava o nome Lage, sobrenome que meu pai, avó e bisavô carregavam. E na época do Orkut, eu fui pesquisar a origem do sobrenome e eu vi que é um sobrenome espanhol, o que me deixou intrigado, mas na época passou. Depois disso eu fiquei dois anos na Marinha e o meu nome de guerra era Lage e quando eu saí das Forças Armadas e fui trabalhar somente com música, o nome acabou ficando. E quando eu comecei a lançar minhas músicas nas plataformas digitais, as pessoas começaram a comentar que apareciam outros artistas nas buscas vinculadas a minha conta e todos estes artistas eram espanhóis. E a mudança ocorreu porque essa situação foi enchendo a minha paciência, fora que é um nome vinculado ao colonizador e ficar perpetuando isso artisticamente, saca? E isso acabou tirando uma noite de sono minha, o que me fez procurar a minha Mãe de Santo. Lá nós abrimos o jogo, conversei com os orixás e me foi revelado o nome Onã, que significa abertura de caminhos e suas derivações. Essa foi a motivação da mudança.   

RAP DAB – Como foram os preparativos para o lançamento do novo single? O que podemos esperar do clipe? 

Onã – Os preparativos nos deixaram a milhão (risos), mas já chegamos nas plataformas. Está sendo uma honra gigante trabalhar com o Slim Ramografia, eu admiro o trampo do cara há anos, e também da pessoa Slim, que eu já tive a oportunidade de sentar e trocar uma ideia. 

Agora, o clipe de Oriki vai ser um verdadeiro marco na minha carreira e é o que eu acho que vai ajudar a botar o meu trabalho em outro lugar, saca? O single e o EP como um todo, por toda a construção, por toda a linguagem. Mas o clipe ele passa 100% a identidade, o visual, a proposta. Nós estamos trabalhando com uma novidade. Não que outras pessoas não tenham feito algo na mesma linha, mas o que a gente está trazendo para o clipe é para revolucionar, vai dar o que falar de forma positiva.

RAP DAB – Você recentemente anunciou que vai investir na Trap Music. Vamos conseguir observar essa mudança no AFROMANOTROPICAL l?

Onã – Já vai dar pra sacar tudo! No que remete a ideia, no que eu acredito que tem que deixar como legado, pelo motivo que eu faço música, as ideias são as que eu penso desde sempre. Eu consigo falar de romance, eu consigo falar de festa, de dinheiro, e também, de problemas sociais. E problemas sociais é meu assunto número 1. Afinal, a gente vive no Brasil e aqui nada está ganho, não tem nenhum preto no topo e se tem algum, está lá sozinho.

Mas o 808 batendo ali, o High Rat, toda essa estética musical que o Trap carrega, vai estar presente no AFROMANOTROPICAL, e com certeza vai estar presente nos próximos trabalhos durante muito tempo. É o presente e vai ser o futuro durante muito tempo. Então, vai estar ali, vai estar impresso ali.

Foto: Diego Carvalho

RAP DAB – Como você acha que vai ser a recepção do álbum entre as pessoas que já acompanham o seu trabalho há algum tempo?

Onã – Eu acho que vai ser muito positiva! Já tem um tempo que eu estou preparando as pessoas para essa nova estética, para essa nova cara, para esse novo nome, junto com a galera da BRABA Records. 

E não tem como fugir, né mano? O RAP é o gênero mais ouvido do mundo. As pessoas estão ouvindo, estão consumindo. Tem gente que canta a música do Poze e nem gosta do cara. Tem gente que canta a música do Orochi, sem saber quem é o Orochi, canta a música do Matuê, sem saber que ele é de Fortaleza… Então, o RAP tá aí, ele tá batendo, as coisas estão acontecendo. E eu estou me projetando a não fugir à regra, pelo menos neste aspecto, de entrar no jogo e fazer acontecer.

E a maioria das pessoas que me acompanham estão torcendo a favor. Algumas até já ouviram algumas faixas e a recepção foi super positiva. E isso vai muito de, apesar de ter mudado a forma de fazer a minha música, não ter mudado quem eu sou. Mas é isso, eu acredito que a recepção vai ser positiva e até quem torce a favor não vai poder negar que acertei mais essa (risos).

Foto: Diego Carvalho

RAP DAB – Quais foram os seus principais desafios na produção do álbum durante a pandemia?

Onã – A maior dificuldade foi me manter psicologicamente, para conseguir produzir um trabalho artístico, e me manter financeiramente, afinal eu moro em São Paulo e não tenho a minha família perto de mim, apesar de ter muitos por mim aqui. E a cidade de São Paulo é visceral, tudo acontece muito rápido e nesses 6 anos que eu estou aqui, eu não deixei a cidade me engolir, eu consegui manter o meu próprio ritmo.

Eu tenho uma relação com a Zona Norte, com a galera preta do samba e suas vertentes. Então, mesmo que nesse período de pandemia as pessoas tenham ficado reclusas, eu inclusive, só o fato de saber que tinha essa galera, não muito distante de mim, se cuidando para a gente poder viver esse momento de retomada e a gente estar aqui vivo, pra mim foi a base. E também, tentando manter o máximo de proximidade com a minha família, mesmo que de forma digital, falando com os meus filhos por vídeo, minha mãe, meu avô.

Então, acredito que essas tenham sido as maiores dificuldades, me manter são psicologicamente e financeiramente. Mas é a flecha de papai Oxóssi, né? Tem uma flecha para pegar no alvo… E pegou. Está aí, AFROMANOTROPICAL. 

RAP DAB – Você poderia adiantar, com exclusividade, seus planos musicais para 2022, pensando na retomada do setor cultural, aliada ao avanço da vacinação?

Onã – Considerando a retomada, com o avanço da vacinação e o número de mortes e leitos estar caindo consideravelmente, os meus planos são de fazer muitos shows. Eu sou um cara de palco, de fazer shows, eu trabalho com música há quase 20 anos, antes como percussionista e hoje cantando as minhas próprias músicas. Então, minha meta é voltar para a estrada, levando o conceito do AFROMANOTROPICAL para todo e qualquer canto do Brasil que quiser me ouvir, tá ligado? A meta é colocar o trampo na rua mesmo e só parar quando morrer (risos).

RAP DAB – Por fim, pode deixar uma mensagem para os leitores do nosso site, aos fãs, amigos e apoiadores do seu trabalho?

Onã – Galera, é o seguinte, antes de tudo acreditem no sonho de vocês, na correria de vocês. Bota fé, incentiva os amigos de vocês a correr atrás da parada deles, do que eles acreditam. A gente está aqui para fazer a revolução, a gente é capaz de fazer, tá ligado? A gente é capaz de mudar o mundo, mas para mudar o mundo, a gente tem que mudar o nosso mundo primeiro. Então, vamos mudar o nosso mundo. A gente não está satisfeito com a nossa condição, com o nosso mundo? Vamos mudar. Só assim a gente consegue promover mudança, mudando a gente primeiro. Às vezes a mudança está só na forma de caminhar, saca? E eu sou prova disso. É isso, é mudar a forma de caminhar para chegar aonde a gente quer. Não desacredita não. E aquele clássico Fora Bolsonaro, né? Porque não pode faltar (risos).

Confira em primeira mão o videoclipe de ‘Oriki’:

FICHA TÉCNICA VIDEOCLIPE ‘ORIKI’

COMPOSIÇÃO E INTERPRETAÇÃO  Onã
DIREÇÃO E PRODUÇÃO MUSICAL  Dachvva
DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA  Diego Carvalho
PERFORMANCE EŞU  Dan Rodrigo
EDIÇÃO  Gabriela Viseu
COMPOSIÇÃO VFX  Diego Brito
COLOR GRADING  Erick Costa
DESIGN (LETTERING) Maurício de Melo Prince
DESIGN (LETTERING) Anderson Tavares
MIX/MASTER  Pasz
SAMPLE Gui Nakata
PRODUÇÃO EXECUTIVA  Michele Araujo
PRODUÇÃO EXECUTIVA  Everton Santos
MAQUIAGEM Miriam Santiago
ASSISTENTE DE MAQUIAGEM Jady Oliveira
IMPRENSA GRIOT ASSESSORIA
SELO A BRABA RECORDS® 2021

SOBRE ONÃ
Onã é cantor, compositor, percussionista e rapper, e não menos importante, neto de Viludinho e cria da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. O artista já dividiu o palco como percussionista com grandes nomes da música, como Almir Guineto, Reinaldo, Leandro Sapucahy, Alceu Valença, Milton Nascimento, Criolo, entre outros. E também, já cantou em grandes palcos, como Casa Natura Musical, Circo Voador, Sesc Pompeia e Centro Cultural Rio Verde. Onã se prepara para lançar em 2021, um feat com o rapper Slim, e o seu mais novo EP AFROMANOTROPICAL.

SOBRE A BRABA RECORDS
A BRABA RECORDS nasce na São Paulo de 2021 para buscar um lugar na nova cena da música urbana brasileira. Acreditamos no grande potencial das novas vertentes do Hip Hop Nacional, como Trap, Drill e Plug e do clássico Boombap, dentro disso, buscamos construir uma sonoridade brasileira de Pop baseada no Hip Hop. O selo conta com a direção artística de Dachvva e produção musical de Pasz. Dachvva atua profissionalmente na música a mais de 15 anos, como artista, produtor musical, compositor, diretor artístico, engenheiro de som e empresário. Desenvolveu trabalhos musicais focados nas musicalidades de matriz africana, samba, bossa, reggae e hoje se volta aos afrobeats e hip hop. Pasz é um produtor brasileiro natural do Rio de Janeiro. Iniciou a carreira musical aos 16 anos de idade. Já produziu remixes oficiais para Andy Bianchini “Suburbia”, Sebastian Relius “Journey of a Lifetime” Kelvin Remp “Viva o Após” dentre outros. Recentemente, junto com Levez e Falamansa lançaram a releitura de “Avisa”, sucesso da banda Falamansa.

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