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Exclusiva com Haikaiss: o real motivo de “O Retorno do Boom Bap”

O RapDab conversou com Pedro Qualy, Spinardi e SPVIC sobre o próximo disco que já está com o lançamento da faixa de estreia engatilhado.

A primeira faixa do aguardado álbum do Haikaiss chega nesta sexta-feira (17) através das principais plataformas de áudio. E o Rap Dab tomou a dianteira desse trem para trazer em primeira mão detalhes sobre o “O Retorno do Boom Bap”. O som que abre os trabalhos carrega o nome do disco que, antes mesmo de chegar, já causou agitação nas redes sociais, exatamente por conta do nome. 

Pedro Qualy, Spinardi e Spvic deixam claro que “O Retorno do Boom Bap” vem para enaltecer o estilo, além de resgatar as raízes do grupo. Em outubro de 1993, o KRS ONE lançou o disco “Return of the Boombap”. O sucesso do disco foi tanto que chegou às paradas da Billboard, sendo uma das maiores referências da história do rap no mundo até hoje. 

“Estamos há trinta anos exatos do lançamento do ‘Return of the Boombap’. Esse é o real motivo”, afirma Pedro Qualy.

Spinardi reitera que o Haikaiss já tinha a intenção de resgatar a era de ouro do próprio grupo. Então, com o amadurecimento de todo contorno do projeto, o disco – e sua primeira faixa – passam por uma reformulação de nome. De forma que, “O Retorno do Boom Bap” entra no lugar de “Golden Era”, título que havia sido pensado num primeiro momento.

“Nós resolvemos lançar esse álbum também porque a gente já tinha um projeto de resgatar a era de ouro do Haikaiss. Então, o objetivo é resgatar essa referência à história do Haikaiss, que a maioria das pessoas conhece também como a nossa era do boom bap. A intenção surgiu a partir daí, porque o Haikaiss ficou conhecido nessa época do boom bap”, relembra Spinardi.

A faixa “O Retorno do Boom Bap” também trará um audiovisual para marcar ainda mais todo o conceito proposto pelo Haikaiss. “Esse single/álbum simboliza não só meu retorno ao boom bap, como o retorno ao hip hop. A valorização do DJ, grafitti e break, essa é a meta”, reforça Qualy.

O próximo show do Haikaiss acontece neste sábado (18), no Nakka Club, em São Paulo. O grupo ainda está confirmado para a Virada Cultural de São Paulo, dia 27 de maio. Aliás, sobre a performance dos shows, Qualy frisa que não é de hoje a atenção do grupo para levar o melhor aos fãs. “Tem um bom tempo já que o Haikaiss traz uma estética nova pro show, estávamos nos preparando pra esse momento. Nosso show será um espetáculo do hip hop”, avisa.

Outro spoiler do que está por vir tem a ver com as participações em “O Retorno do Boom Bap”. Além dos solos, como o caso da faixa que abre os trabalhos do disco, o trio convidou artistas – ainda mantidos em sigilo – que prometem agregar demais ao disco. 

“A gente está trazendo vários nomes fortes do boombap, assim como uma galera do underground do boom bap, que manteve viva essa parada durante todo esse tempo em que o boom bap deixou de ser uma prioridade. Esse é um resgate do boom bap, mas é um resgatar inovando. É um boom bap que a gente tá trazendo todas as vertentes possíveis, explorando tudo que o boom bap pode oferecer de melhor pra nós. Vai ter todo o estilo de boom bap, do mais sujo ao mais dançante, e por aí vai”, finaliza Spinardi.

Confira abaixo o bate-papo completo do Rap Dab com Pedro Qualy, Spinardi e Spvic do Haikaiss.

Crédito: Vitor Mezzacapa

Por que este primeiro single para abrir os trabalhos de “O Retorno do Boom Bap?

Pedro Qualy: Mano, olha essa batida, como que não usa de primeira? Essa batida é bem abrangente no sentido da dança também, cobre vários estilos e é uma letra bem forte, certamente ela nasceu para ser o primeiro single.

Algumas pessoas meio que confundiram o retorno do Haikaiss para o boom bap, como se o boom bap, digamos, não estivesse mais vivo no geral. Como está sendo isso?

Pedro Qualy: Gerou a famosa “faísca”. Bora dialogar, galera! Nosso álbum é uma referência e reverência ao disco “Return of The Boombap”, do KRS ONE.

Spinardi: Eu particularmente gosto desse tipo de debate, de visão e de opiniões, porque mostra que os fãs estão acreditando e veem potencial no projeto. Então, eu acho interessante e muito legal esse debate interno, porque mostra que está todo mundo antenado e querendo mesmo opinar e estar em cima desse assunto. Eu acho o diálogo importantíssimo. E como sempre venho dizendo, o mais importante de tudo é que se a gente não mudou o nome do álbum até agora, é porque realmente tem algo significativo ao ponto de a gente não ter mudado, sendo que a gente já tá vendo que está tendo uma polêmica e um debate enorme em cima disso.

Como vocês avaliam o momento atual do rap nacional? 

Pedro Qualy: Cara, rap é o nome do momento, molecada consumindo forte, mercado aquecidíssimo.

Spvic: Eu particularmente considero como um auge, é um momento em que tem muitos artistas e que a nova geração da cena está numa ascensão maravilhosa. Eu vejo que em 2023 a cena ficou realmente mais plural, porque em 2022 acabou sendo uma coisa muito focada no trap, e em 2023 está dando uma variada. Tiveram outros artistas também falando dessa vontade de trabalhar com o boom bap esse ano, fazendo esse resgate da época que foi 2013, 2014 e 2015, quando tava todo mundo fazendo boom bap. Eu particularmente avalio esse momento do rap nacional como o melhor momento, graças a Deus.

Spinardi: Eu avalio o atual momento do rap como de enorme ascensão, e nada melhor do que a gente lançar “O Retorno do Boom Bap” nesse momento. Porém, eu acho que muita coisa foi perdida no meio do caminho e que deve ser resgatada, e que no caso vai ser resgatada também nesse álbum. A importância de dar voz pra rapaziada do underground, pra rapaziada que tá se matando e não tem incentivo e nem condições de poder estar mostrando seu trabalho pro povo. Muita gente começou a escutar rap dos anos 2000 e de 2010 pra frente, então não sabem a importância do DJ, do grafiteiro, dos b-boys e das b-girls. E é isso que a gente tá querendo passar nesse álbum também, como se ele fosse um pouco educativo, e é exatamente em cima disso que a gente está trabalhando.

Que artistas do boom bap que vocês acreditam que vão dar o nome em 2023? 

Pedro Qualy: Os que forem reais.

Spvic: Pelo que eu percebo, os artistas conseguem fazer dentro de um álbum todos os estilos, não fica uma coisa tão segmentada, do artista fazer um disco inteiro de boom bap, como por exemplo o último álbum do Kendrick Lamar. Eu acredito que o Joey Badass vai continuar dando essa instigada no boom bap, acho também que o Domo Genesis, Moka Only. Então, tem artistas que vão trabalhar isso – que nem sempre trabalharam, mas acho que não é algo tão segmentado. O boom bap, realmente, sempre esteve presente.

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