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Entrevista com MC Maha: O funk para assistir e ouvir

MC Maha, conhecido por suas paródias e criatividade, contou para a Rap Dab como surgiu toda essa magia que ouvimos em seu som

Vendo com capa de algum super-herói, sendo cosplay de personagem e tudo o que o mundo do cinema/séries e ficções podem oferecer, você pode até não reconhecer o Dominic Patrick da Costa, 28, mas certamente já ouviu e sorriu com alguma música do artista MC Maha,

Maha em ação!

O cantor e compositor já possui idas e vindas dentro da arte, onde ele se inspira para criar e para ser, usando de magias e super poderes, MC Maha já mostrou que o seu dom é mesclar realidade com imaginação em batidas de funk – ou qualquer melodia que encaixe o que ele inventa.

Nasceu em Trinidad e Tobago, Caribe, já tentou carreira no axé, fez alguns trabalhos como ator e modelo, mas acabou seguindo para o rumo da música, dessa forma ele foi visibilidade e seu espaço, partindo para o funk.

As paródias musicais que ele cria ficaram muito conhecidas no YouTube, arrebatando os fãs que já curtiam esse universo, vindo dos quadrinhos e cinéfilos, agora, para quem gosta da batida do funk, também é valido expressar o seu lado nerd nos bailes.

“Começou nos roles com amigos mesmo, improvisando rimas e bebendo”, ele diz.

MC Maha conta que foi se envolvendo cada vez mais com o mundo musical e foi quando conheceu quem viria ser o seu produtor, o Dj WS, assim foi realizando os seus outros trabalhos, até então fora da música, e conseguia assim o dinheiro para pagar as suas produções iniciais.

E foi com o seu quarto lançamento que tudo mudou, onde a letra e produção de “Harry Porra e a Bruxinha Rabuda” encheu o cantor de visualizações e a pessoas passaram a conhecer o artista. Isso o colocou no mercado e ajudou financeiramente.

As inspirações de MC Maha

“A inspiração para criar as parodias vai por dois caminhos, tanto por temas de filmes/series e animes que eu gosto, tanto em pôr os de nomes mais conhecidos, né.”

O cantor diz que busca unir o útil com o agradável durando a composição dessas letras, já que adora assistir ficções, são momentos de lazer junto com inspiração.

“Eu tenho que assistir ela [ficção] toda ou, pelo menos, o suficiente para que eu consiga absorver a informação daquilo, para explorar o conteúdo e brincar de uma forma boa e profunda.”

Antes do seu primeiro sucesso, MC Maha criava sons que eram mais “compráveis”, ele fala que não ousava muito nas letras e pensava mais no mercado, aqueles que seriam mais comerciais e parecidos com o que toca, mas foi sair da normalidade que as portas se abriram.

“Um dia eu estava na rodoviária esperando o ônibus e estava pensando em títulos, possíveis títulos que fossem chamar a atenção e gerar views. E então, do nada me veio a ideia de Harry Porra na cabeça, pensei que seria interessante.”

Quando nasceu o “Harry” de Maha?

“Eu estava fazendo uns jobs de ator, estava gravando um trampo para a Caixa e, esperando a minha vez de gravar, foi vindo, fui viajando… comecei a bolar as ideias com “Eita bongada pesada que a novinha deu”, aí eu fui montando a musiquinha na cabeça e acabou que virou essa ideia de Harry Porra, a gente gravou e lançou.”

Questionado sobre os seus planos futuros ele expressa a sua vontade de também pisar em outros estilos musicais, explorando ainda mais outras vertentes para, quem sabe, outras possíveis criações com inspirações diversas.

“Eu sou muito eclético em relação a gêneros musicais, eu gostaria de ampliar, mas se for resumir assim, gostaria muito de experimentar o pop, pop mundial. Não sei, né! A gente gosta de sonhar grande, mas eu iria pro pop mundial.”

“O sucesso do Harry Porra é um bagulho que eu imaginava, mas eu não imaginava a proporção de imediato então me assustei. A gente sempre assusta porque é tudo muito rápido.”

Os fãs de Maha

Nos shows ele já viu de tudo, Maha conta que até em shows mais simples ele dá de cara com fãs que vão caracterizados nos eventos, mostrando que a fidelidade de quem escuta vai muito além do gosto musical, mas também passa pela identificação de pensamentos.

“Já teve muto fã fantasiado nos meus shows, geralmente a galera vai muito de Harry Potter, sempre tem alguém com o óclinhos, relampagozinho e com uma manchinha, mas também vai muita gente com roupa da diversos personagens do anime. Como a gente já fez show em evento Otaku, tinha galera de todo o tipo de personagem assim, One Piece, Naruto.”

“Eu gosto muito de ver filme, para caralh* mesmo, mas não me considero um cinéfilo porque eles são mais detalhistas nos bagulhos, eu assisto mais pelo lazer de curtir. Pode acontecer de um filme ‘’hypar’ muito e a galera falar ‘mano, faz funk de tal filme’, eu ir lá assistir no intuito de fazer o funk e acabo gostando e faço, mas não me sinto um cinéfilo voraz.”

Gosto de filme, de anime, de séries, eu estou sempre alternando entre esses no zig zag.”

Os clipes de MC Maha

Ele conta que há à vontade em transformar todos os seus sons em clipes, que por sinal são cheios de detalhes peculiares e divertidos, mas alguns já foram lançados há tempos e ele não sabe se ainda “andaria’, diz.

O problema para artistas que metem a cara para fazer acontecer os seus lances sozinhos são os recursos para produzir.

“Como eu sou artista independente e o clipe demanda um investimento maior, nem sempre a gente consegue juntar recursos pra gravar clipes, é bem esporádico a gente conseguir se organizar para lançar clipes, mas um dia, se Deus quiser, vou conseguir lançar tudo em forma de clipe.”

“O processo é muito aleatório, às vezes a ideia vem do nada e pufff! Estúdio”, MC Maha.

Sobre as suas letras bombarem ele não esconde que sabe que a temática diferente ajuda, o potencial das letras se tornarem hits dançantes ou chamarem atenção como memes é forte. Fazer alusão ao mundo do cinema, principalmente em cima de filmes consagrados por uma geração, como “Harry Potter”, ajudam a despertar a curiosidade nas pessoas, até quem não é amante de funk, mas quer entender o que ele usou do filme na letra.

“Eu fui abordar outros filmes que tenham talvez a mesma fama, aí fiz ‘Senhor dos anais, ‘Tretas nas Estrelas’, começamos a zuar com esse bagulho de filme […] Eu quis explorar todos os temas nerds que eu gosto.”

O processo de escrita musical varia muito entre quem compõe, MC Maha diz que não pode escrever e um papel e ficar lendo e relendo, já que isso o deixa inseguro, fazendo com que algumas composições sejam descartadas. Ele conta que o estúdio é o seu lugar.

“Funciono melhor quando eu vou para o estúdio, escuto o beat e escrevo na hora, eu sou tipo um ‘freestaleiro’, mas não um freestyle de batalha, sou péssimo em batalha, mas eu sou bom de freestyle no estúdio, tipo de ouvir o beat. Eu procuro entender para onde aquele beat vai me levar, porque cada batida passa uma energia diferente que, às vezes, ela acaba te levando para um lugar diferente, então eu gosto de me sentir refém da batida e deixar ela me levar para onde for.”

Depois de levá-lo para frente de longas-metragens, conhecendo novos roteiros e produções, a gente se pergunta para onde mais Dominic pretende ir com os seus sons, difícil saber o caminho de um artista que parece fazer tudo sem mapa, apenas usando o sentimento e a criatividade do momento.

“Tipo eu termino de assistir um anime e falo: ‘Tá, o que eu posso pegar de principal dessa história e transformar?’ Eu vou nessa viagem assim […] Fico pensando em frases, montando frase por frase e usando alguma característica de dentro do anime, depois levando para putaria. Mas eu não costumo escrever fisicamente, eu vou montando os versos na cabeça e chego no estúdio e gravo.”

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Ana Carla Dias

Jornalismo e Direção de Arte

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