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Cuidado com o Sidoka, ele não vai parar!

Em entrevista, um dos trappers mais comentados no Brasil, Sidoka, fala com a Rap Dab e conta um pouco do mundo do Sidoka e de Sinuka

Se você ler o nome Nicolas Paolinelli por aí, talvez não reconheça o artista que está escondido por trás de um dos nomes mais falados da cena musical e dos streamings dessa geração, mas também com tantas personalidades que ele brinca para se expressar, é difícil você se atentar a só uma, mas hoje, vamos falar do trapper em ascensão no Brasil, o Sidoka.

ARTISTA SIDOKA

Improvisando na música, nas letras, batalhas de rimas e com uma personalidade marcada pelo humor de Minas Gerais, Sidoka vem do funk e das batidas do freestyle, seu estilo no mercado musical continua livre, mas nos últimos meses, além do seu sucesso em singles lançados, suas entrevistas em podcasts, principalmente o Podpah, despontou um lado do artista que, para quem assistiu e não o conhecia, gostou e se identificou, além de artista, Sidoka é um rapaz engraçado que só quer se divertir com os amigos e está ansioso pelo nascimento de sua filha, como ele mesmo diz: “A Renatinha, sacana”. 

O FEELING PARA OS BEATS DE SUCESSO

Buscando por beats, sampleando toques em que ele se identifica, assim nascem as músicas que ao total, neste ano, bateram três milhões de ouvintes mensais no Spotify e um bilhão de streamings acumulados em todas as plataformas digitais que abrigam os traps do cantor e compositor. 

“Eu tenho vários beatmakers que me acompanham nessa produção e trabalham comigo, a maioria das vezes eu tô do lado dos caras. Na maioria das vezes nós usamos um beat pronto, aí fica mais fácil o processo”, diz Sidoka.

Em entrevista, ele conta que no começo da carreira a família não o incentivava tanto para a música, seu sonho de criança era ser jogador, mas alguns testes não tiveram um resultado positivo, mas mal sabia ele que o seu futuro gol de placa seria nas composições.

“Eu nunca pensei em ter outra profissão, eu nunca me encaixei em nada de faculdade, nunca me decidi, sabe? Não sabia se eu queria fazer Medicina, se eu queria fazer Direito, nada me agradava. Quando criança, todo menino quer ser jogador de futebol, mas não deu certo, reprovei nos testes também. Minha mãe não entendeu no começo, então ela não apoiava. Ela só começou a botar fé quando eu trouxe dinheiro de show pra casa “, diz Sidoka.

Hoje, Sidoka, pelo segundo ano consecutivo, foi o ganhador do prêmio “Trap na Cena” no MTV MIAW de 2021, onde seus fãs votaram incansavelmente para ver o trapper colocando o seu nome ainda mais alto na popularidade da música. 

SIDOKA: A LUVINHA DE BH PARA TODO O BRASIL  

Uma das características que mais marcam no estilo do cantor é o uso das luvas, pode estar frio ou calor que a vestimenta permanece, afinal estilo não tem estação ou temperatura.

As luvas são inspiração para os fãs e também uma marca em seus clipes desde que apareceu na mídia, Sidoka vem mostrando um outro lado em estilo de artista, que não é só composto por super grifes, mas também pela ousadia. 

Em 2018, com o EP “O Menino Queria Ser Deus”, da qual ele foi convidado para participar pelo rapper Djonga e Sant, Sidoka colaborou com uma das faixas do EP (UFA) e passou a ter um rosto mais conhecido na mídia, após abrir essa porta, o trapper mostrou que sabia construir o seu caminho, aliás se encontrou novamente com o Djonga dois anos depois, com o som que uniu as potências de Minas Gerais, na Tropa do Bruxo em “Oclin e Evoque”

“Mano, teve vários momentos, mas acho que quando eu vi que minha luva era característica e quando eu fui pra Europa. Lembro de me ver com radinho e fone de ouvido e olha onde isso me levou. A ficha nunca vai cair, eu nunca vou achar grande, cabuloso, pra mim eu sou só um cara que manda as rimas e a rapaziada se identifica.”

SIDOKA APRESENTA: AS VISUALIZAÇÕES

“Quando “Minha Dama” bateu 1 milhão, eu fiquei me perguntando: “O que tá acontecendo comigo?”, e aí eu percebi que alguma coisa tinha dado certo e que eu não deveria mais parar ali, a sensação era de que eu não podia mais parar.”

Sem poder parar e construindo o seu caminho com humor e cheio de parcerias, o trap se mostra mais leve com o Sidoka, seu último álbum lançado, SHH..”, carrega no nome o som do vento, celebrando o silêncio que deve ser difícil conseguir para quem vive no holofote das redes sociais, ainda mais em um período com o boom da internet em meio a pandemia.

“A primeira faixa que dá nome ao álbum, ela é um barulho de vento. Ela é o conceito do álbum inteiro, ela é um cenário inteira e ela diz muito sobre o  tributo ao silêncio e tudo que eu quis passar nas 14 faixas do álbum.”

Com diversas participações, traz beats e produções de artistas como Raffa Moreira, MC Anjim, Chris MC, DJ Coala, DogDu, Pexande, Dogor, Zemaru, ele ressalta em suas entrevistas que ele curte chamar os amigos e pessoas que admira para gravar.  

“Meu processo de criação de músicas é do nada. Às vezes eu tô sentado no sofá e eu acho um beat e começo a produzir. Rimar pra mim é uma terapia, é como se fosse uma cura. Eu gasto a ansiedade rimando e é assim que as coisas funcionam pra mim, é a minha forma de colocar pra fora. Sobre as colaborações, não tive dificuldade nenhuma porque todo mundo que tá no meu álbum são artistas que eu admiro demais, que eu sempre quis rimar e sou fã. Eu fico muito feliz com todo mundo que topou participar e colocar a cara nisso.”

TRAP PARA FAZER SORRIR! O SUCESSO DE SIDOKA É VER A MÃE  DE MADAME 

Se produzir e ouvir música é a realização de um sonho, o trap deu muito mais para o fenômeno de lançamento de faixas, Sidoka, tem vários nomes como ele mesmo diz, mas de todos, o que ele às vezes apresenta para os fãs é o Sinuka…

“O Sinuka é meu alter ego que rima em qualquer gênero, seja pagode, seja funk, sem exceções. Um artista referência pra mim é o Chris MC, nunca vi um cara tão versátil na música,  mas minha maior inspiração pros meus bagulhos no geral é a minha mãe, ela é a motivação”, ele comenta. 

Belo Horizonte está cada vez mais se tornando um celeiro de artistas do rap, trap e funk, poderíamos brincar e dizer que tem algum coisa na água de BH – ou no queijo – que deixa esses rapazes, como Djonga, Mc Rick, entre outros artistas estourados com um gogó que os leva para o país inteiro, mas Sidoka, tem um segredo para o seu sucesso, ver a sua mãe igual madame.

PRODUÇÃO DO CLIPE "OCLIN E EVOQUE" TROPA DO BRUXO
MC RICK, RONALDINHO GAÚCHO, DJONGA E SIDOKA EM “OCLIN E EVOQUE”

“Eu tô vivendo meu sonho! Acho que meu único sonho a ser realizado é minha mãe bem igual uma madame, andando de chofer, Balenciaga, Gucci, e que tenha um iate pra ela. Meu sonho tá se realizando, eu fico feliz demais com o que eu tô vivendo e meus fãs são incríveis. “

Questionado sobre os próximos planos e como ele vê a volta dos shows presenciais, ele diz que não faz muito planejamento e vai “vivendo o momento”:

“Eu lanço música de madrugada, eu não tô nem aí. Por aqui tudo, exatamente tudo é orgânico e construído de forma orgânica, então eu acho que a única diferença que vai ter é que teremos shows e a gente vai ver a rapaziada curtindo demais essas músicas que foram lançadas.”

A ARTE DE PRECISA SER VISTA

Sabemos que viver de arte no Brasil não é fácil, criar tendências exige grandes investimentos de marketing e “padrinhos”, quando algo da periferia é despontado dessa forma, ganha prêmios com votação popular e faz com que os jovens curtam usar luvas em um país tropical, é porque algo deu muito certo. 

Visto que a arte em alguns segmentos e gêneros musicais são marginalizados no mercado e na cena cultural, como o rap e trap, tendem a serem mais desvalorizados, sendo um giro da sorte para quem vai conseguir sobreviver do que sonha e produz.

“Eu vejo que a gente tá crescendo cada vez mais, os gringos estão até de olhos em nós. Eu sinto que a gente tá crescendo em tudo, no audiovisual, na produção, musicalmente. A cena do Trap, ela está simplesmente crescendo constantemente e cada um tá fazendo seu papel, até porque as pessoas se identificam com cada um da sua maneira. Eu acho foda o que todo mundo tá fazendo na cena”, diz o artista.

Em entrevista, pedi para que ele deixasse uma mensagem final para os fãs, alguma frase que sirva de inspiração e o mineiro, com todo o seu humor e reflexão de um artista em ascensão, deixou para nós:

 “Nada será como foi, para que tudo seja como nada era,  só isso que eu tenho pra dizer.”

Entendeu? Talvez falte um beat por trás da frase escolhida de Nicolas, de Sidoka, de Sinuka, não dá para saber qual dos alter egos do rapaz foi o responsável por essa mensagem, a única coisa que sabemos é que vem mais por ai. Mais produções, shows, prêmios, traps, parcerias e músicas.

A mensagem é que fica é que o Sidoka, esse… não vai parar

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Ana Carla Dias

Jornalismo e Direção de Arte

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